(Tiago 2: 13b)
O que teria levado o apóstolo Tiago a fazer tal afirmação, senão o fato de saber que nos encontramos, desde que Jesus morreu e ressuscitou na dispensação da Graça, em que vigora uma nova aliança com Israel, na qual não apenas a nação de Israel é considerada o povo da aliança, como no período do Velho Testamento, mas todas as pessoas de todas as nações que estejam unidas a Cristo pela fé.
Nesta é exigido que os aliançados sejam misericordiosos para com todos os pecadores, assim como Deus tem sido plenamente misericordioso para conosco.
Ele determinou ser completamente longânimo e misericordioso nesta dispensação, inclusive para com Seus inimigos que vivem deliberadamente na impiedade, e não apenas com aqueles que tivessem sido alcançados pela Graça, tendo sido justificados pela fé nEle, no período da dispensação da Lei; e mesmo antes deste período, conforme foi o caso, por exemplo, de Enoque, Noé, Abraão, entre outros.
Que a misericórdia triunfa sobre o juízo está sendo patentemente demonstrado pelo Senhor nesta dispensação da Graça, pois todos os que se arrependem de seus pecados e simplesmente confiam em Cristo, são perdoados.
Nunca antes de Jesus ter feito a expiação dos nossos pecados na cruz do Calvário, e ter instituído uma Nova Aliança com base no sangue do Seu sacrifico, houve na Terra uma tal disponibilidade de graça salvadora e misericordiosa para todas as nações – as páginas do Velho Testamento demonstram este fato, especialmente nos chamados livros históricos.
Como o juízo divino é estabelecido com base na transgressão da Sua Lei, a qual é o reflexo exato da Sua vontade, então podemos dizer que a Graça tem triunfado sobre a Lei nesta presente dispensação, porque é por meio dela que somos resgatados da condenação da Lei, no que tange aos juízos da Lei, por causa da nossa fé em Jesus Cristo, pois somos considerados por Deus como tendo morrido para a Lei, por termos sido considerados participantes da morte de Cristo na cruz – e a Lei não tem poder sobre mortos, senão somente sobre quem está vivo.
A Lei e a Graça pertencem à mesma fonte que é Deus, mas a Lei não pode ser eficaz para a nossa salvação e livramento do poder do pecado, porque é somente uma norma e não um poder. Assim, ao contrário, em vez de nos ajudar eficazmente neste propósito da nossa salvação, nos condena justamente, porque somos pecadores transgressores da vontade de Deus.
Então, este trabalho eficaz poderia ser realizado somente pela Graça, que não somente nos perdoa, como também é o poder que mortifica o pecado que habita em nossa natureza terrena.
Não se pense, entretanto na Lei e na Graça como sendo coisas antagônicas. Ambas concorrem juntamente para o propósito da nossa salvação.
A Lei, conduzindo-nos ao conhecimento da vontade de Deus, da Sua bondade e juízos, e ao convencimento da nossa condição pecaminosa, juntamente com o testemunho do Espírito Santo - e a Graça nos capacitando a viver em conformidade com as exigências da Lei, até aquela perfeição de obediência que teremos à vontade de Deus quando formos introduzidos na glória celestial.
De maneira que, a Graça não anula a Lei, antes a confirma, pois nos foi dada com o propósito de vivermos eternamente com Deus, com uma justiça que excede até mesmo em muito, todas as exigências da Lei de Moisés.
Assim, que nem sequer um jota ou til serão eliminados da Lei até que tudo se cumpra, quando Cristo entregar o Reino ao Pai, no qual não mais existirá o pecado; e por conseguinte a necessidade de uma Lei escrita, porque “não se promulga Lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina,” – I Tim 1: 9,10.