O engano do pecado afeta adequadamente a mente, e a mente é enganada.
Quando o pecado tenta qualquer outro modo de entrada na alma, como pelas afeições; a mente mantendo o direito e a soberania é capaz de conferir controle, mas onde a mente está contaminada a prevalência deve ser bem-sucedida, pois a mente ou o entendimento é a faculdade principal da alma, e com o concurso da vontade e das afeições não é capaz de considerar senão o que isso lhe apresenta.
Daí é que, embora o emaranhamento das afeições ao pecado seja muitas vezes incômodo, porém o engano da mente é sempre o mais perigoso, por causa do lugar que possui na alma e em todas as suas operações.
O seu ofício é orientar, dirigir, escolher e liderar;
... "Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Mt 6: 23
É na mente que este efeito do engano do pecado é feito. A mente ou entendimento como mostramos é o guia, o condutor nas faculdades da alma antes de discernir, julgar, determinar, e tornar o caminho das ações morais justo para a vontade e afeições.
É para a alma, o que Moisés disse a seu sogro, que ele poderia ser para o povo no deserto como "olhos para guiá-los", e evitar que ficassem vagando por aquele lugar desolado.
A mente é o olho da alma, sem cuja orientação a vontade e os afetos perambulam perpetuamente no deserto deste mundo, de acordo com qualquer objeto aparente, oferecido a eles.
A primeira coisa que o pecado procura em seu trabalho enganador, é retirar e desviar a mente do cumprimento de seu dever.
É a lei do pecado que opera na carne, no velho homem do crente, em sua antiga natureza que o leva a servir ao pecado. Daí sermos ordenados a nos despojarmos do velho homem, pois foi crucificado com Cristo em Sua morte na cruz, e a nos revestirmos do novo homem, da nova criatura, pois esta não está sujeita à lei do pecado, senão à lei do Espírito e da vida em Cristo Jesus, ou seja, à Sua graça - de modo que, se andarmos no Espírito as obras da carne serão vencidas e o pecado não terá qualquer domínio sobre nós.
Daí a importância de o crente ser espiritual e não carnal, pois foi transportado das trevas para a luz de Jesus, e do domínio de Satanás para o de Deus, pois o ser carnal dá para a morte, e ser espiritual para vida e paz.
"Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.
Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.
Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.
Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.
Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne.
Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis". (Rom 8: 6-13)
Se for espiritual será movido por pensamentos espirituais, celestiais e divinos nele implantados pelo Espírito Santo, através de diligente esforço e diligência em suas constantes meditações e prática da Palavra.
Se for carnal é possível, que aqui e ali se levante em posicionamentos espirituais, mas estes se desfarão logo em seguida, porque não é movido pelo Espírito em constância de fé, mas apenas por força de convicção pessoal em atender a determinados atos religiosos, sem levar em conta a necessidade de uma renovação real e permanente de sua mente, em transformação de todo o seu procedimento, conduta e atitudes.
Assim, por todo o contexto, tanto imediatamente anterior quanto posterior, do que Paulo fala no sétimo capítulo da epístola aos Romanos, pode-se depreender que seu propósito não foi o de discorrer no citado capítulo quanto à sujeição, mesmo do crente ao poder da lei do pecado, pois todo o seu assunto no contexto citado é o de vitória completa da graça, e não de derrota ao pecado.
A vitória foi obtida por Cristo, e é estendida aos que nEle creem. Então, é de se supor que o intento do apóstolo é o de nos mostrar como é que esta vitória é obtida, e como é que o combate com este inimigo chamado "pecado residente" se desenvolve, no qual todos os crentes devem estar envolvidos para que glorifiquem a Deus ganhando muitas batalhas nesta guerra espiritual em que estarão empenhados até o final de sua jornada terrena.
Assim, o principal de tudo é obter uma mente espiritual, uma inclinação para o Espírito Santo, pois somente isto pode dar para vida e paz.
Pode-se perguntar o que é necessário para isso; e podemos citar algumas daquelas coisas sem as quais tal estrutura sagrada não será alcançada. Como:
1. Uma vigilância contínua deve ser mantida na alma contra as incursões de pensamentos e imaginações vãs, especialmente naquelas ocasiões em que são capazes de obter vantagem.
Se lhes for permitido fazer uma incursão na mente, se nos acostumarmos a entretê-los, se eles habitualmente se alojarem em nosso interior, então em vão podemos esperar ou desejar ter uma mente espiritual.