A Aparência deste Mundo Passa
Estando a nossa vida neste mundo sujeita ao tempo, tudo o que podemos fazer e ser em relação à nossa existência é desfrutar o presente, porque o passado já não existe e não sabemos o que nos reserva o futuro.
Isto não é um incentivo, no entanto, a uma filosofia de vida epicurista do tipo “comamos e bebamos que amanhã morreremos”, pois de todos os nossos pensamentos, palavras e atos teremos de prestar contas a Deus no Dia do Juízo.
Quando nosso Senhor Jesus Cristo nos adverte no Sermão do Monte a não estarmos ansiosos quanto à nossa vida e ao dia de amanhã, Ele não está nos chamando a um viver descuidado e irresponsável, mas exatamente a percebermos este ponto importante de que o domínio do curso da nossa vida não se encontra em nossas próprias mãos, mas nas de Deus, na medida em que temos recebido graça da Sua parte para sermos guiados e conduzidos por meio de nossa fé nEle.
Deus não somente cuidará de todas as necessidades dos que nEle confiam, como também os desprenderá do laço de servidão a que toda pessoa está sujeita quanto às suas posses terrenas e relações interpessoais, ensinando-nos que nossa vida aqui embaixo é conduzida por etapas, e em nosso próprio corpo e aparência não somos imutáveis desde o nascimento até o dia de nossa morte - quanto mais então, a maior parte de nossos bens terrenos e relacionamentos que passam e se transformam com o decorrer do tempo, porque nada e ninguém poderemos levar conosco, desde o dia da nossa passagem para o outro mundo espiritual, o qual nem mesmo levaremos o nosso corpo.
Nós podemos ser ensinados um pouco sobre esta verdade, em nossos sonhos, enquanto dormimos, pois as muitas experiências que neles vivenciamos, sendo algumas até mesmo bizarras, como voar, levitar, por exemplo, desfrutar objetos e provar frutos e manjares saborosos, nada disso será achado em nossa posse quando acordarmos.
De igual modo, de certa forma, tudo o que temos e somos neste mundo, como num sonho do qual despertamos, não poderá ser mantido em nossa posse na hora da morte, ainda que possamos reter algumas lembranças de nossas atividades, posições na sociedade e posses, assim como podemos recordar das experiências em nossos sonhos.
Mas uma vez atravessado o rio que nos conduz à eternidade, uma nova realidade indissolúvel se imporá sobre as coisas abaláveis e dissolúveis deste mundo que passarão como uma nuvem aparente que agora existe, mas que logo depois desaparece.